terça-feira, 28 de julho de 2020

quarta-feira, 22 de julho de 2020

CONHECENDO A ARTE DO GOJU-RYU(Parte lV)

PARTE TÉCNICA

Tal como as folhas das árvores se movem com o vento, a mente move-se com a respiração... ]

Significado dos Katas

Katas são conjuntos de movimentos pré-estabelecidos, efetuados numa determinada sequência, englobando ataques, defesas e contra-ataques contra adversários imaginários, tendo sempre em vista qualquer situação de combate real. Nos katas tudo tem um significado e aplicação e, não é mera demonstração de técnicas ou habilidade.
É nos katas que está cristalizada a essência do karate e os seus princípios, e isso não se faz mais notar em qualquer outro aspecto do que no fato dos katas terem início sempre com um movimento defensivo, delineando assim a premissa: "No karate não há primeiro ataque (Karate ni sente nashi)". Não só não há primeiro ataque, como também a melhor defesa é evitar totalmente a luta. É por este motivo que se diz que o karate é a arte do homem sábio.

"Formar melhores pessoas" era como o Sensei Chojun Miyagi via o karate, e isso está também expresso não mais que na prática das katas, onde nos encontramos em constante luta mental. Pois, praticando e esforçando-nos continuamente por aperfeiçoar as técnicas nos katas, moldamos também a nossa atitude, mente, caráter. É por isto também que o karate é tido como uma escola de vida.
Um praticante de karate, treinando hoje num dojo, em qualquer parte do mundo, está a praticar as mesmas técnicas que os seus antecessores praticaram centenas de anos atrás. Nos tempos de mudança que hoje se vivem, é verdadeiramente apreciável estar envolvido numa arte que conseguiu notoriamente ultrapassar o teste do tempo.

 katas do sistema Goju-Ryu

Quase todas os katas do Goju-Ryu nos foram transmitidos pelo Sensei Kanryo Higaonna, sendo os restantes criados ou modificados (como é o caso do Sanchin) pelo Sensei Chojun Miyagi.
Os katas que Kanryo Higaonna herdou do Sensei Ryu Ryu Ko e que posteriormente foram ensinados ao Sensei Chojun Miyagi são: Sanchin, Saifa, Seiyunchin, Shisochin, Sanseru, Sepai, Kururunfa, SesaneSuparinpei.
Por sua vez os katas que o Sensei Chojun Miyagi desenvolveu foram: Gekisai Dai Ichi e, Gekisai Dai Ni, uma versão modificada do Sanchin do Sensei Kanryo Higaonna e, criou também o kata Tensho.

 

Heishugata


Sanchin



O significado desta kata é "Três batalhas" e é nesta kata que está verdadeiramente presente a essência do karate Goju-Ryu de Okinawa. É uma kata realmente díficil, dura e exigente tanto física, como mentalmente e, os karatecas ao praticá-la são sujeitos a um rigoroso teste, chamado Shime, onde é testada a sua postura, concentração, respiração e técnica.
A versão modificada pelo Sensei Chojun Miyagi da kata trazida pelo Sensei Kanryo Higaonna, da China, surgiu da necessidade de se usar o corpo de uma forma mais simétrica.


Tensho



Tensho significa "Mãos rotativas". Foi desenvolvida pelo Sensei Chojun Miyagi e representa a parte ju de Goju. Crê-se que foi inspirada na kata Rokkishu do estilo chinês da garça branca. Rokkishu significa "6 mãos", o que denota as diferentes posições de mãos usadas na kata. Tal como na kata Sanchin é realçada uma tensão dinâmica aliada a uma respiração característica e a movimentos suaves das mãos.


Kaishugata

 


Gekisai Dai Ichi





Traduzindo os kanjis lê-se: "Demolir, destruir".
Esta kata foi criada pelo Sensei Chojun Miyagi, por volta de 1940, para tornar mais fácil a integração de novos alunos no sistema, visto que anteriormente a primeira kata que se aprendia era a kata Sanchin . A kata Gekisai Dai Ichi é a único kata do sistema que termina sendo dado um passo para a frente, isto talvez para delinear o espírito pós-guerra que se vivia na altura.


Gekisai Dai Ni

  (Ver Gekisai Dai Ichi)


Saifa



Significa: "Pancadas destruidoras ou esmagar, rasgar, desfazer".
Nesta kata são comuns as esquivas, os ataques às costas e técnicas de libertação. Os ataques nesta kata são circulares e, é dada muita importância ao uso das articulações para gerar um poder e velocidade semelhante aos de um chicote.


Seiyunchin




Pode ser interpretada como: "Agarra/puxa em batalha".
Esta é uma kata executada com grande frequência em torneios e exibições.
Não há pontapés nesta kata, ja que o seu propósito é desenvolver uma postura forte e estável e, por isso se coloca muito ênfase no shiko dachi. Esta kata contém numerosas técnicas de projecção e luta corpo a corpo.


Shisochin




Esta era a kata favorito do Sensei Chojun Miyagi nos seus últimos dias.
É uma kata onde se fazem sentir movimentos verdadeiramente acutilantes, como é o caso do nukite que deve ser feito como se as nossas mãos fossem folhas de aço e do shotei zuki que é verdadeiramente poderoso e incisivo. É uma kata também muito rica em técnicas de luta corpo a corpo.



Sanseru




Esta é uma kata onde estados de calma se convertem bruscamente em momentos de acção súbita, como se de um combate real se tratasse. É uma kata muito rápida e dura, concebida para desenvolver velocidade e potência e, por isso não é tão intrincada como as outras. É, todavia, necessário debruçarmo-nos sobre esta kata para percebermos plenamente o seu complexo significado e técnicas ocultas.


Sepai



Esta kata apresenta várias características notáveis, como por exemplo: movimentos circulares como o furi zuki e o yoko uke que se fazem simultaneamente mas com ênfase distinto, ataques que são feitos a 45º, assim como situações onde nos "afundamos" e logo nos elevamos para atacar.
Esta kata contém muitas técnicas ocultas e combinações de movimentos desenhadas para confundir o adversário e, simplesmente observando a kata não nos é possível determinar a verdadeira intenção das suas técnicas.


Kururunfa





Significa: "Desenhar e subitamente destruir".
Caracteriza-se por movimentos muito rápidos com as mãos, com os pés e com as ancas e também pelas técnicas evasivas (sabaki) e, é com a combinação harmoniosa de técnicas go e ju que tão bem exprime a essência do Goju-Ryu.


Sesan



Esta kata era a favorita do Sensei Chojun Miyagi e do seu melhor aluno, Jin'an Shinzato.
A característica mais marcante nesta kata é o seu antagonismo, que está expresso na combinação de movimentos circulares e directos, de velocidade e muchimi e de técnicas duras e suaves. A suavidade circular dos bloqueios e a potência linear dos ataques combinam-se para criar uma kata de uma beleza estética sublime.
São também usadas técnicas pouco comuns como o sun tzuki (soco curto) e movimentos similares aos de uma serpente, relevantes numa luta corpo a corpo.


Suparinpei





Esta kata é também conhecida como Pichurin. Antigamente na China, haviam 3 variações desta kata: Dai, Chu e Sho . A kata praticada hoje é a variação Sho . Foi a segunda kata a ser ensinada ao Sensei Chojun Miyagi.
Esta kata contém muitas técnicas com as mãos abertas. O uso simultâneo das duas mãos para contra-ataques, nage waza, etc. é uma característica importante desta kata e é indicativo da sua natureza avançada, permitindo um número infindável de combinações.


Katas e Bunkais:


Taikyoku Jodan Dai Ichi
Taikyoku Jodan Dai Ni
Taikyoku Chudan Dai Ichi
Taikyoku Chudan Dai Ni
Taikyoku Gedan Dai Ichi
Taikyoku Gedan Dai Ni
Taikyoku Kake Uke Dai Ichi
Taikyoku Kake Uke Dai Ni
Taikyoku Mawashi Uke Dai Ichi
Taikyoku Mawashi Uke Dai Ni
Sanchin
Tensho
Gekisai Dai Ichi
Gekisai Dai Ni
Saifa
Seyunchin
Shisochin
Seisan
Sanseru
Seipai
Kururunfa
Suparinpei

 

Katas Superiores(TOKUTEI):


Genkaku
Chikaku


 

 Significado do Kumite


 O kumite é um método de treino que dá aplicação prática às técnicas ofensivas e defensivas aprendidas nos katas, onde os oponentes se encontram frente a frente.

A importância dos katas no kumite é decisiva. Se as técnicas não são usadas com naturalidade mas sim de uma forma forçada, a posição e a forma não serão corretas. Também ao serem usadas se se confundem as técnicas de um kata com as de outro kata não se poderá esperar grande perfeccionismo no kumite. O melhoramento do kumite depende do progresso em kata. Kumite e kata estão tão juntos como a mão e o braço. Dar mais importância a um e expensas a outro é sempre um erro.

Objetivos do treino de Kumite

No treino de kumite cada aluno deve praticar inicialmente um tipo adequado ao seu próprio nível. É portanto, necessário entender claramente as características distintas dos diversos tipos de kumite e pratica-los, tendo em mente, os seus objetivos claros.

Tipos de Kumite

Ippon Kumite

É a forma mais básica. Os karatecas estão separados por uma distância fixa e o objetivo fica determinado antecipadamente. Fazem-se alternadamente ataques e defesas. Os praticantes alternam-se na defesa e no ataque. A cada ataque corresponde uma defesa e um contra-ataque final.

1. Deve adquirir-se a destreza necessária para contra-atacar poderosamente, usando as técnicas básicas.
2. Aprender a relação existente entre a defesa e a sua utilização como técnica decisiva.
3. Aprender como fazer uso de fixar o MAAI, isto é, a distância a que um ataque pode ser efetuado e em que de uma defesa pode nascer um contra- ataque decisivo.
4. Em relação à distância e à posição no momento de defesa, deve-se desenvolver o reflexo instantâneo de contra-atacar rapidamente, selecionando  a técnica decisiva mais apropriada.
5. Adquirir o sentido de oportunidade (timing) na defesa, que vem através dos movimentos totais do oponente, esperando até ao último momento e defende-lo, contra-atacando rapidamente.
6. Fazer uso das diversas posições possíveis a adotar quando se defende.

Sanbon Kumite

É a execução repetida de 3 ataques e de 3 defesas finalizando com um contra-ataque final.

1. O primeiro objetivo deste kumite é conseguir ser um perito no uso das formas e técnicas fundamentais de ataque e defesa. O que significa repetir e polir constantemente os ataques de punho e pernas, as defesas e as posições fundamentais até realizá-las com o máximo de exatidão, sabendo mover os pés.
2. Os alunos mais avançados devem também adquirir uma grande mestria para se moverem com fluidez e velocidade
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 Ippon Kumite

É a forma mais básica. Os karatecas estão separados por uma distância fixa e o objetivo fica determinado antecipadamente. Fazem-se alternadamente ataques e defesas. Os praticantes alternam-se na defesa e no ataque. A cada ataque corresponde uma defesa e um contra-ataque final.

1. Deve adquirir-se a destreza necessária para contra-atacar poderosamente, usando as técnicas básicas.
2. Aprender a relação existente entre a defesa e a sua utilização como técnica decisiva.
3. Aprender como fazer uso de fixar o MAAI, isto é, a distância a que um ataque pode ser efetuado e em que de uma defesa pode nascer um contra- ataque decisivo.
4. Em relação à distância e à posição no momento de defesa, deve-se desenvolver o reflexo instantâneo de contra-atacar rapidamente, selecionando  a técnica decisiva mais apropriada.
5. Adquirir o sentido de oportunidade (timing) na defesa, que vem através dos movimentos totais do oponente, esperando até ao último momento e defende-lo, contra-atacando rapidamente.
6. Fazer uso das diversas posições possíveis a adotar quando se defende.

 Jiyu Ippon Kumite

Ambos os adversários ficam em kamae (guarda) livremente e com distância opcional. O atacante ataca com decisão anunciando a área do seu objetivo. O defensor efetua livremente uma defesa, empregando as técnicas que domina e contra-ataca depois. Este sistema de treino põe em prática as técnicas ofensivas e defensivas. Antecede o Jiyu Kumite.

O atacante deve tirar partido de qualquer abertura que localize na guarda do defensor, atacar com vigor, cuidando de uma sincronização perfeita, calibrando exatamente o MAAI (distÂncia) e o KOKYU (ritmo de respiração) e dispondo de fintas e outros artificios oportunos. O defensor exercita a defesa (avançando, retrocedendo ou executando tai-sabaki, para o lado esquerdo ou direito), e realiza as suas técnicas em qualquer direção contra-atacando no fim. O jiyu ippon kumite é um treino importante para progredir no conhecimento das técnicas, para cultivar uma boa visão e uma intuição genuína, indispensável para realizar ataques e defesas.

1. Deve-se considerar como uma etapa para o jiyu kumite e por isso treinado com seriedade.
2. Tomando a distância com descrição, os ataques e defesas praticam-se livremente, adquirindo a destreza necessária para realizar uma técnica decisiva de uma só vez.
3. Aprender a obter a vantagem decisiva da oportunidade, já que esta só se apresenta uma só vez.
4. Adestrar-se nos métodos para realizar um contra-ataque efectivo, com técnicas decisivas, potentes e com técnicas combinadas com deslocamentos (movimentos de pernas).

Jiyu Kumite

1. Deve-se treinar o jiyu kumite até adquirir a mestria em matérias tais como: obter a vantagem em MAAI, a qual muda incessantemente, levando assim o oponente ao MAAI favorável a nós próprios, ou surpreende-lo enquanto inicia o ataque.
2. Estudar as formas de obter e utilizar a oportunidade (timing).
3. Praticar as mudanças de técnicas e as técnicas combinadas.
4. Conseguir converter uma defesa em ataque.
5.. Estudar a forma de tomar a iniciativa subsequente.
6. Estudar a forma de tomar a iniciativa antecipada.
7. Aprender a avaliar as situações reconhecendo e diferenciando as reais das aparentes ou das preparadas pelo oponente.
8. Estudar as técnicas contínuas e o tai-sabaki.
9. Conseguir o máximo de nós mesmos, dedicando todo o interesse e centrando a nossa mente num treino sério.

 Pontos essenciais do Jiyu Kumite

1. Kamae: Postura de preparação para começar (parte superior do corpo). O kamae deve permitir o movimento de ataque ou defesa em qualquer direção, permanecer de pé, corpo na vertical e com o tronco em hanmi; manter a cabeça direita, sem inclinar nem para trás nem para a frente nem para os lados. O braço adiantado ligeiramente curvado, dando proteção à zona das costelas. O braço de trás ficará dobrado perto do plexo solar. Não deve haver força desnecessária nos cotovelos. O centro de gravidade deve estar na linha natural do corpo.

2. Tachikata: Posição formal. Manter o corpo erguido, sem esforço nem tensão. com os pés metidos ligeiramente para dentro e em hanzenkutsu dachi. Flectir um pouco os joelhos deixando que ambas as pernas suportem por igual o peso do corpo. Concentrar energia nos dedos dos pés ou em toda a planta do pé.

3. Mesen: Olhar e posição da cabeça. Concentrar a vista sobre o rosto ou nos olhos do adversário. Deste modo podemos vê-lo todo desde a cabeça aos pés. Observar o adversário, deixando os olhos atuarem como se estivessem a observar um objeto mais distante.

4. Maai: Distância entre os oponentes. Frente ao adversário a distância é vital para a estratégia da luta. Maai pode definir-se praticamente como a separação que facilita o avanço de um passo e lançar corretamente um ataque de punho ou perna; no inverso, é o intervalo que permite retroceder um passo e proteger-se de um ataque. A distância de cada Maai ocupa uma extensão maior ou menor, em concordância com a técnica aplicada e com a forma de manter afastado o adversário, com possibilidade de acercar-se dele quando seja conveniente. O Maai é importante para decidir a vitória ou a derrota e, o seu domínio é fundamental.

5. Waza O Hodokosu Koki: Momento adequado de execução. Se se atacar com iniciativa antecipada ou subsequente, a verificação da técnica só produzirá efeito se se souber aproveitar a abertura na guarda, que pode ser de 3 classes: mental, em kamae eem movimento.

Os próximos aspectos pertencem à 3ª categoria:

A. Quando o adversário inicia a sua técnica. O movimento começa ao localizar-se uma abertura, atacando direta e instantaneamente. Se a atenção se concentra no ataque, abandonando a defesa, é fácil então encontrar uma abertura.

B. Quando chega o ataque. Ao efetuar-se um ataque, ou ao defender numa combinação de técnicas, contra-atacar quando se vir que a estratégia do adversário terminou ou as suas técnicas pararam.

C. Quando a mente não está atenta. No karate existem advertências estritas para evitar surpresas quando se está vacilante. Perante um pontapé ou qualquer outro ataque directo eminente, se se faz um passo atrás frente à intenção do adversário, este vacilará sobre se deve ou não lançar o ataque; este ficará confuso e aparecerá uma abertura mental. Há assim a possibilidade de atacar repentinamente, com êxito assegurado.

D. Criação de uma abertura. Se não existe uma abertura, empregar uma finta para distrair o adversário. Por exemplo: movendo os pés com estratagema, levando a atenção para o chão, criando uma oportunidade de atacar sobre a parte superior do corpo. Podemos fazê-lo com as mãos ou com os pés, mas se se fizer isso com lentidão, será o adversário a encontrar uma abertura. É necessário controlar a força própria e executar o pontapé ou o soco com segurança. Convém fazer técnicas combinadas de modo a impedir o contra-ataque. Finalmente fazer um ataque instantaneo e decisivo sempre que vejam que o adversário perde a postura ou abre a sua defesa.

Goju-Ryu Randori

É o método de treino de kumite desenvolvido pelo Sensei Morio Higaonna. Randori é o termo do judo que significa "experimentar" as técnicas. Em Goju-Ryu Randori, dois alunos praticam os pontapés, os socos, as defesas, os movimentos de pés, etc. um contra o outro ao acaso. Não é feito à máxima velocidade e a ênfase não é posta em vencer o combate de uma forma competitiva. Cada aluno deve usar a oportunidade para praticar conjuntamente com o outro aluno nas movimentações, nos ataques, defesas e servindo na prática de alvo. Todas as técnicas devem ser feitas com o máximo de controlo, tendo o cuidado de não lesionar o outro aluno através de técnicas mal executadas ou por descuido. Randori pode ser feito devagar, como modo de aquecimento e de treino de elasticidade; a velocidade média como método de treino para melhorar certas combinações de técnicas; a rápida velocidade desenvolve a velocidade de reacção. A ênfase deve ser posta sempre na variedade das técnicas e no desenvolvimento de muitos tipos de ataques e defesas. Cada aluno deve aprender a cooperar com o outro no Randori evitando técnicas de chaves e apertos, fintas ou ataques enganosos ou técnicas desnecessariamente violentas que desencorajarão o treino do outro aluno. Randori é um treino destinado a treinar a distância, o sentido de oportunidade (timing) assim como muitos outros aspectos ligados ao combate. Se algum aluno insistir em fazê-lo de uma forma competitiva e tentar provar a sua superioridade em habilidade, será muito difícil seja para quem for concentrar-se em experimentar novas técnicas. Sendo assim o Randori converter-se-ia em combate livre o que desviaria o treino do seu principal objetivo. Randori foi estudado para prevenir lesões e outros problemas postos pelo combate à máxima velocidade.

Yakusoku Kumite

Significa combate pré-estabelecido e pode ser feito de modo a demonstrar uma larga variedade de técnicas. Nesta forma de combate os movimentos  de ataque e defesa são determinados previamente. A defesa utiliza técnicas de defesa e um contra-ataque, fazendo técnicas de projeção ao chão (Nage Waza), ataques às articulações (Kansetzu Waza) ou ataques simultâneos, dependendo de que técnicas estão a ser praticadas. Os alunos devem praticar a defesa e o ataque e executá-los com ambos os lados, esquerdo e direito. O Yakusoku Kumite avançado é executado com máxima velocidade e força e com técnicas controladas e normalmente é composto por muitas combinações de técnicas. Em Goju-Ryu Karate-Do é bastante comum que o atacante acabe no chão, depois de projectado pelo defensor. Existem várias formas de trabalhar Yakusoku Kumite, uma delas é a de quem iniciar o ataque é quem defende e aplica o contra-ataque.

TÉCNICAS DE KIHON GOJU-RYU

KIHON

01 – Chudan Seiken Zuki

02 – Jodan Uke

03 – Chudan Uke

04 – Gedan Barai

05 – Ura Uchi

06 – Jodan Kizami Zuki

07 – Shuto Ganmen

08 – Shuto Sakotsu

09 – Hisa Age

10 – Mae Geri San Kiyo Do

 

KIHON IDO I

01 – Sanchin Dachi Jodan Uke

02 – Zenkutsu Dachi Chudan Uke

03 – Shiko Dachi Shiyakaku Gedan Barai

04 – Sanchin Dachi Yoko Uke Shita Barai

05 – Sanchin Dachi Jodan Zuki

06 – Zenkutsu Dachi Chudan Zuki

07 – Shiko Dachi Shiyakaku Seiken Zuki

08 – Zenkutsu Dachi Hiji Ate

09 – Shiko Dachi Chokaku Seiken Zuki

10 – Sanchin Dachi Mae Geri

11 – Zenkutsu Dachi Mae Geri

12 – Han Zenkutsu Dachi Mawashi Geri

13 – Shiko Dachi Shiyakaku Kansetsu Geri

 

KIHON IDO II

01 – Sanchin Dachi Jodan Uke Chudan Giyaku Zuki

02 – Zenkutsu Dachi Chudan Uke Chudan Giyaku Zuki

03 – Shiko Dachi Shiyakaku Gedan Barai Chudan Giyaku Zuki

04 – Sanchin Dachi Yoko Uke Shita Barai Morote Zuki

05 – Sanchin Dachi Chudan Giyaku Zuki Mae Geri

06 – Zenkutsu Dachi Mae Geri Chudan Seiken Zuki

07 – Shiko Dachi Shiyakaku Hiji Ate Yon Hon Do Sa

08 – Zenkutsu Dachi Hiji Ate Chudan Giyaku Zuki

09 – Shiko Dachi Chokaku Tetsui Ura Uchi

10 – Sanchin Dachi Kizami Mae Geri Mawashi Geri

11 – Zenkutsu Dachi Mae Geri Hiji Ate Yon Hon Do Sa

12 – Han Zenkutsu Dachi Sokuto Geri Chudan Giyaku Zuki

13 – Shiko Dachi Shiyakaku Kansetsu Geri Age Zuki Yon Hon Do Sa

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CONHECENDO A ARTE DO GOJU-RYU(Parte lll)


GRANDES MESTRES

An'Ichi Miyagi


  O Sensei An'ichi Miyagi nasceu a 9 de Fevereiro de 1931, em Naha.
  
Aos 14 anos, perdeu os pais na guerra, e teve de se providenciar para tomar conta dos seus dois irmãos mais novos, arranjando emprego na base militar de Kadena.
  An'ichi Miyagi começou a treinar com três amigos no dojo jardim do fundador do Goju-R
yu, o Sensei Chojun Miyagi, em Fevereiro de 1948, com 17 anos de idade. Passado um ano, os três amigos que tinham começado a treinar com An'ichi Miyagi haviam já desistido. An'ichi continuou. Era tal a sua dedicação ao treino e ao seu professor, que este começou a confiar verdadeiramente nele. Isto refletia-se nos seus ensinamentos que se tornaram mais detalhados e profundos. Ensinou-lhe a kata com grande detalhe, desde a Gekisai Dai Ichi à Suparinpei e explicou-lhe o bunkai extensivamente, tinham também longas conversas sobre filosofia, artes marciais,sociedade...
  Ele pretendia transmitir o Gokui (ensinamentos essenciais) do Goju-Ryu ao seu aluno e para a nova geração, e fê-lo mesmo até à noite da sua morte.
  O Sensei An'ichi Miyagi ainda hoje treina e ensina karate.


GOGEN YAMAGUSHI
“O GATO”
















GOGEN YAMAGUCHI (BIOGRAFIA)

Gogen Yamaguchi nasceu em 20 de janeiro de 1909 na cidade Kagoshina ao sul de Kyushu.

Desde cedo mostrava grande interesse pelas artes marciais e já nos primeiros anos escolares começou a treinar Kendo e Karatê sob a tutela de um carpinteiro chamado Sr. Murata, experiente Karatêca de Okinawa o qual impressionou-se com o jovem Yamaguchi, pela sua atitude séria e boa vontade para o duro treinamento. Ele ensinou tudo o que sabia sobre o Goju-Ryu a Gogen Yamaguchi.

Durante seus dias como estudante de direito, Yamaguchi estabeleceu seu primeiro clube de Karatê na Universidade Ritsumeikan em Kioto. Logo seu dojo ficou famoso na cidade pelo duro treinamento e intenso exercício respiratório. Naquela época os Karatecas praticavam somente kata e Yakusoku kumite e eram incapazes de competições mútuas. Foi então que Yamaguchi criou o primeiro estágio para o que é conhecido hoje como Jiyu Kumite e estabeleceu regras para decidir do vencedor das disputas.

Em 1931, com 22 anos, Gogen Yamaguchi foi apresentado para o fundador do estilo Goju-Ryu o mestre Chojun Miyagi. Esse encontro afetou profundamente a visão de Yamaguchi sobre o Karatê. Anteriormente ele havia treinado somente o aspecto rígido do Goju, mas após esse encontro Yamaguchi estava determinado a treinar o aspecto espiritual tanto quanto fisicamente. Mestre Miyagi veio a ter muita estima por Yamaguchi e por ter dominado tão bem o aspecto rígido do Goju, Miyagi apelidou-o de Gogen que significa “tempestuoso”. E Miyagi nomeou então Gogen Yamaguchi como seu sucessor na escola Goju do Japão.

Durante os anos seguintes, Gogen Yamaguchi passou longas temporadas no monte Kurama onde ele submeteu-se a rígidos exercícios e duros treinamentos em Sanchin, meditação e jejum. Entre 1938-1945 durante a segunda Guerra Mundial, ele foi enviado para o Manchuria. Em várias ocasiões, teve que utilizar suas habilidades no Karatê e seu treinamento mental para permanecer vivo.

Durante o confronto russo-japonês, em 1945, Yamaguchi foi feito prisioneiro de guerra e enviado para um campo de prisioneiros na Mongólia, onde passou dois anos encarcerados sob severas condições. Novamente sua força e perícia eram postas a prova e durante todo tempo, continuou a treinar e desenvolver o Karatê Goju.

Reconquistada a liberdade, regressou ao Japão e tornou-se uma das mais excitantes figuras da história do Karatê, ficando mundialmente conhecido como “O Gato” pela graça e velocidade de suas técnicas e por sua postura favorita em luta chamar-se “Neko Ashi Dachi” (postura do gato).

Mestre Yamaguchi contribuiu enormemente para o desenvolvimento do Karatê Goju e para o Karatê em geral. Sob sua liderança a International Karatê-Do Goju Kai Association (I.K.G.A) emergiu como uma organização forte que iria incrementar a popularidade do Karatê no Japão e em várias nações do mundo a ponto de hoje ter mais de 35 países contando com o ensino do Karatê Goju-Kai. Gogen Yamaguchi teve sucesso em unir todas as escolas de Karatê do Japão numa instituição única que resultou na formação da Federation of All Karatê-Do Organization (FAJKO), em 1964.

Yamaguchi juntou ao sistema Goju os "Taikyoku katas" métodos de treinamento para iniciantes como preparação para katas mais avançados. Na combinação de prática religiosa com o treino de Karatê, incorporou a yoga e a religião e todos esses aspectos anteriores e fundou, em tempos recentes, o Goju-Shinto. Estabeleceu a inter-relação de mente e corpo e consubstanciou as funções da respiração e da meditação como essência no entendimento das artes marciais. Esta a razão, no Goju, do exercício respiratório “IBUKI”, concentração total dos músculos num todo, trazendo a mente e corpo para um estado de “vazio coerente”.

A Kokusai Budo Renmei International Martial Arts Federation do Japão - entidade cujo dirigente é o Príncipe Higashikuni, da Família Imperial Japonesa - nomeou Mestre Gogen Yamaguchi “Shihan” da divisão das organizações de Karatê. Nunca antes um homem simples recebera tão importante reconhecimento pelo desenvolvimento e propagação do Karatê-Do.

Mestre Yamaguchi chegou ao 10° Dan, sempre dono de intensa dedicação e determinação que o tornaram uma lenda do Karatê também mestre de Yoga e sacerdote Shinto. Yamaguchi morreu em 1989, deixando em seu lugar seu 3o filho Goshi Yamaguchi, não sem antes unir em perfeita harmonia os aspectos “Go” e “Ju” de sua arte.

terça-feira, 21 de julho de 2020

CONHECENDO A ARTE DO GOJU-RYU(Parte ll)


O FUNDADOR DO ESTILO GOJU


Biografia - Chojun Miyagi



Chojun Miyagi nasceu em Naha em 25 de abril de 1888.
Começou a praticar o Naha-Te entre os nove e onze anos e aos quatorze iniciou os estudos com Kanriyo Higaonna. Este foi um período de treinamento árduo pois seu mestre era muito exigente.
 Após a morte do Mestre Kanriyo Higaonna, Miyagi viajou para a província de Fukien na China, seguindo o exemplo de seu mestre para continuar seus estudos. Lá ele estudou o Shaolin e o Pa Kua duas formas de boxe chinês. Da mistura destes dois sistemas, um duro/exterior do Shaolin, o outro suave e circular/interno do Pa Kua e seu nativo Naha-Te, um novo sistema surgiu.
 Somente em 1929 é que Chojun Miyagi chamou o seu estilo de Goju-Ryu, nome baseado nos oito preceitos da tradição do Boxe Chinês - um clássico sobre artes marciais chamado Bubishi. GO significa rigidez, força (aspecto positivo) e JU significa flexível, suave (aspecto negativo). Sendo nesses dois aspectos que são baseados a filosofia do GOJU.
 Após alguns anos na China Chojun Miyagi retorna a Okinawa e abre um dojo, onde ensinou por muitos anos adquirindo reputação de um excelente karateca e como organizador de métodos de ensino, recebendo uma comenda por seu notável trabalho no campo da Educação Física.
 Chojun Miyagi desenvolveu o Kata Sanchin e criou o kata Tensho dois Katas essenciais no estilo Goju-Ryu. Chojun Miyagi não limitava seu treinamento ao dojo, em cada momento e a cada instante e se dedicava a sua arte, sempre alerta e sempre pronto para defender-se a qualquer instante.
 Chojun Miyagi era um homem de temperamento extremamente calmo e humilde. Viveu de acordo com o princípio das artes marciais, ou seja, sem violência. Mestre Miyagi morreu em 08 de outubro de 1953, com 65 anos de idade.

AS ORIGENS
 "Goju-Ryu" (em japonês) é uma escola de "Karate" originária de Okinawa. É um estilo que mescla formas rígidas, duras ("Go"), com formas suaves ("Ju"), criado por Chojun Miyagi, aluno do mestre Kanryo Higaonna, maior autoridade do "Naha Te", arte marcial nativa existente em Naha, capital de Okinawa antes da Segunda Grande Guerra.
Mestre Miyagi, após passar 4 anos na China, onde treinou os estilos "Pa Kua Chang" e "Shaolin Chuan", analisando o movimento dos animais, voltou a Okinawa e, baseando-se no princípio do "YIN-YANG" (as energias negativa e positiva que regem o universo), uniu a flexibilidade das artes chinesas à rigidez do "Naha-Te", criando o "Goju-Ryu" - A Escola do Rígido e Flexível.
O "Karate" tem como base fundamental a respiração, evidenciada principalmente na forma dos dois "katas" básicos do estilo "Goju-Ryu":
  • "Sanchin-Zen", que incorpora o "Kihon Gata", que significa: forma básica que tem como objetivo a formação física e mental no "Karate-Do" e "Sansen-Go-No-kata", que quer dizer: três forças na verdadeira forma; e
  • "Tensho", com os seguintes conceitos: "Heishu-gata", mão fechada, e "Ju-No-Kata Yawara-No Katashi", traduzindo-se por: verdadeira forma flexível.
Neles podemos observar claramente o "pesado" e o "leve" (força e flexibilidade), bem como o processo de captação de energia macrocósmica, que se estende nos exercícios ("kihons"). Todo este conjunto está presente no "Kaishu Gata" (exercícios formais de mão aberta).

- GO = rígido, como no "Sanchin-Zen"
- JU = flexível, suave, como no "Tensho"
- RYU= estilo

O "Goju-Ryu" é o estilo de "Karate" que busca o equilíbrio dos opostos, das energias antagônicas e complementares. Ele ensina como agir: com energia ou brandura, rapidez ou suavidade.Praticar "Goju-Ryu" é aprender a ser como a água: fluida e sem forma, por isso pode assumir todas as formas; calma e suave ou revolta, mas ambas com o poder de passar por quaisquer obstáculos, mesmo os de aparência mais resistente. O "Goju-Ryu" caracteriza-se também por movimentos circulares. Usando técnicas de formas curtas e longas, aproveitamos duas importantes ferramentas do nosso corpo: sistema interno (parte mística e esotérica) e externo (parte muscular).

MYAGI treinando Goju-Ryu com o companheiro KYODA

CONTINUANDO NAS ORIGENS

Biografia - Kanriyo Higashionna



Kanriyo Higaonna, nasceu em Naha (1852). Era um homem de constituição sólida e avantajada para um okinawense tornando-se lenda ainda em vida, vindo a ser conhecido como o “Santo do Soco de Naha”. Estudou as artes marciais chinesas na própria fonte e, o que trouxe do continente foi de importância decisiva na orientação dada ao Okinawa-Te. O inicio de sua experiência foi devido a um emprego de marinheiro que lhe havia colocado a bordo do junko “Shinko-sen”. Isso lhe permitiu numerosas viagens, por conta de um comerciante chinês de chá, e é em uma dessas viagens que estabelece contato com o Kempo Chinês. Consta que sua determinação em aprender artes marciais ocorreu depois que seu barco foi atacado por piratas “Wako” que infestavam aquelas regiões. O fato é que, graças a satisfatória recomendação de seu empregador, Higaonna passou longos 20 anos como discípulo de um mestre chinês chamado Woo (“Ru” em japonês) que o levou consigo por toda a China e lhe mostrou inúmeras escolas de Boxe Chinês. Seus progressos no Kempo Chinês foram tais que acabou por merecer o posto de primeiro assistente de seu mestre.Aos 35 anos, regressou a Okinawa e adquiriu rapidamente a fama de grande lutador. A técnica que ele praticava era bastante diferente da que foi deixado por Sakugawa e Matsumura e quando abriu seu primeiro dojo em Naha foi para ensinar uma síntese pessoal que combinava elementos do Kempo com elementos do velho To-De local, adaptando seu ensino a morfologia dos habitantes da ilha. Seu estilo iria chamar-se Naha-Te (mais tarde Shorei-Ryu). O novo método despertou um entusiasmo generalizado e muitos alunos o procuraram, entre eles aqueles se tornariam os melhores: Kyoda Juhatsu e Chojun Miyagi, pai do Goju-Ryu.No plano técnico, sabe-se que o essencial do treino de Higaonna baseava-se na postura sanchin-dachi – na qual diziam que era inamovível. Higaonna tinha uma força estática inimaginável, mesmo passando uma faixa grossa pela sua nuca e prendendo-lhe cordas pelos tornozelos, seus alunos não conseguiam descentralizá-lo daquela posição. Higaonna mudou também o velho kata Sanchin, executando-o com os punhos fechados (na forma original era executado com as mão abertas). No plano pedagógico, a instrução de Kanriyo Higaonna era já bem moderna no sentido de ser francamente voltado para o ensino em grupo, rompendo com os hábitos de individualismo e reclusão que haviam até então impedido o Karate de se desenvolver a luz do dia. Higaonna ensinou até o fim de sua vida, em vários departamentos de polícia e estabelecimentos escolares. Higaonna morreu em 1915, com 62 anos de idade.


... E AS ORIGENS CONTINUAM

O Kempo chinês e as origens do Karate


  Segundo a lenda, o monge budista Bodhidharma viajou para a província de Hunan na China, por volta de 500 A.C., passando 9 anos no templo Shaolin, onde começou a explicar diferentes técnicas de respiração e exercícios físicos aos monges desse mesmo templo. Ele também lhes ensinou como deviam proceder para desenvolverem a sua força espiritual e mental, para que lhes fosse então possível superar os exigentes exercícios de meditação. Os ensinamentos de Bodhidharma são tidos como as origens do Kempo chinês.
  Quando o Kempo se espalhou pela China foi dividido em 2 estilos principais, o do Norte e o do Sul. O estilo do Norte era caracterizado por técnicas fortes e rectas, enquanto que o do Sul se distinguia pelas técnicas mais circulares e suaves. As técnicas do Kempo eram valiosamente preservadas em segredo pelas famílias ao longo das gerações.
  Durante o XIV século o Kempo é introduzido em Okinawa, ilha situada no Sul do arquipélago do Japão, ganhando cada vez mais popularidade e, sendo então praticado como uma arte de defesa pessoal, segundo o nome de "Tote" (mão chinesa).
  Em Okinawa a arte nativa de combate "Te" já era há muito praticada, mesmo antes da introdução do Kempo e, crê-se que o "Te" fora combinado com o Kempo evoluindo assim para o "Karate".
  Quando o Japão invade Okinawa em 1609, a proibição de posse de arma (imposta pelo Rei Sho Shin em 1477) fez-se manter de igual forma, mas desta vez os Japoneses baniram também a prática das artes marciais.
  Consequentemente, as pessoas de Okinawa viram-se obrigadas a continuar com as artes marciais em segredo. Durante os próximos 3 séculos a arte marcial evoluiu eficazmente e foi então chamada de "Okinawa-Te", sendo posteriormente dividida em 3 estilos principais: Shuri-Te influenciado pelas duras técnicas do Kempo e caracterizado por uma atitude ofensiva.
  O Naha-Te influenciado pelas técnicas mais suaves do Kempo, incluindo o controlo da respiração e "Ki". Era caracterizado por uma atitude mais defensiva com pegas, projecções e técnicas de chaves.
  E por fim o Tomari-Te influenciado igualmente pelas técnicas duras e suaves do Kempo.
  Naha, Shuri e Tomari eram na época as 3 principais cidades de Okinawa.
  No final do século XIX o Shuri-Te e Tomari-Te foram fundidos sob o nome de Shorin-Ryu, que ao longo do tempo evoluiu para estilos ligeiramente diferentes. O Naha-Te manteve-se basicamente unificado, vindo mais tarde a ser conhecido como Goju-Ryu.
...ENFIM, O BATISMO:
O nome Gôjû-Ryû é dado por Chojun Miyagi (25/4/1888-1953) na transição da década 20 para a de 30 durante o século XX à escola de Karate que funda.

No termo "Gôjû-Ryû", "Gô" significa duro ou forte, "Jû" significa suave ou flexível, e "Ryû" Escola ou Estilo como na maioria das denominações de escolas ("Ryûha") ou associações ("kaiha") de Karate-dô moderno, embora algumas delas sejam conhecidas pelo nome do local de prática ("kan"), como é o caso do Shôtôkan.



segunda-feira, 20 de julho de 2020

CONHECENDO A ARTE DO GOJU-RYU(Parte l)

 KARATE-DO GOJU-RYU

 


GOJU-RYU

 


GOJU-KAI

 



EMBLEMA OFICIAL

 CONSIDERAÇÃO SOBRE ESTILOS DE KARATE

 

Para um espectador não conhecedor, o estilo de Karate praticado por este ou por aquele clube dá a sensação de não fazer diferença nem apresentar uma especial particularidade. Porém, para os praticantes dos diversos estilos, as diferenças de concepção de técnica e mesmo das bases fundamentais, são bem distintas e muitas vezes, infelizmente, irredutíveis.

Cada um julga estar na posse da verdadeira ciência e do verdadeiro segredo, caminhando, pois, na via do Karate que considera melhor.  Há uma grande multiplicidade de "escolas" com diferentes estilos de Karate. No Japão podemos contar 15 ou 20 diferentes.

O Karate-do Goju-Ryu é uma das escolas mais influentes na difusão mundial do Karate, tendo-se mantido o seu ensino em Okinawa  e expandido por todo o  mundo. Tal fato deve-se, sem qualquer dúvida, ao papel de Chojun Miyagi e de todos os que com ele acreditaram e acreditam num Karate ao serviço do desenvolvimento humano nas suas diversas facetas.

 

 

O que significa Goju-Ryu ?

“Go” significa rigidez ou força, “JU” significa flexível ou suave e Ryu significa estilo. É nestes dois aspectos que são baseados a filosofia do Goju-Ryu. O Goju-ryu é um estilo de Karate que procura o equilíbrio dos opostos, das energias antagônicas e complementares. Este estilo ensina como agir: se com energia ou brandura, rapidez ou suavidade. Praticar Goju-ryu é aprender a ser como a água: fluida e sem forma, por isso pode assumir todas as formas; calma e suave ou revolta, mas ambas com o poder de passar por quaisquer obstáculos, mesmo os de aparência mais resistente.

Deste modo, na prática desta arte, deve-se ter presente que :

1. Os princípios secretos do Goju-Ryu existem na "kata", "Kata" ou formas são exibições de técnicas nas quais a essência do karate assume um forma definitiva. Deverão aperceber-se de que as katas são a cristalização da essência do karate e do árduo treino da mente de um iniciado (Shoshin). Não deverão negligenciar este tipo de treino como algo simples, rústico ou sem significado, pois só através dele poderão atingir o Gokui, os ensinamentos essenciais.

2. O Goju-Ryu Karate-Do é a manifestação no nosso interior do acordo harmonioso do universo.

3.Tão flexível como um salgueiro, tão sólido como uma rocha, é quanto os dois extremos do duro e do suave estão completamente unidos num corpo que a imperturbável forma da harmonia elementar do Céu e da Terra expandirá. Esta harmonia do duro e suave pode ser igualada à ordem da Natureza e à unidade do Universo. Através da Via do Goju-Ryu Karate-Do estaremos aptos a expressar a harmonia da Natureza dentro de nós próprios.

 

 

Existem várias versões sobre a data precisa de surgimento do nome.

 

A versão mais vulgarizada suporta-se no fato de C. Miyagi ter sido convidado para ir demonstrar em 1928 no Dai Nipon Butoku Kai em Kyoto a arte então denominada geralmente por to-de (mão da china), ken-po (a via do punho - numa leitura Japonesa dos kanji chineses que  lêem quan-fa) ou kara-te (mão vazia - que será o nome a impor-se genericamente após acordo entre mestres de Okinawa em 1936). Em virtude da impossibilidade de Miyagi ir a Kyoto, é Jin'an Shinzato (um dos melhores alunos de Miyagi, malogradamente desaparecido em 1945 na Batalha de Okinawa) que o substitui. Quando Shinzato é questionado por outros participantes sobre o tipo de escola que praticava, resolveu denominá-la como han-ko-Ryû (escola semi dura). Após este episódio, Chojun Miyagi adota definitivamente o nome Gôjû-Ryû em 1929

 

 

 

 

Goju Ryu

Hoje, o Karatê Goju-ryu é considerado um dos cinco maiores estilos e se encontra difundido em 70 países dos cinco continentes.
O atual representante máximo do estilo e presidente da I.K.G.A. ( Associação Internacional de Karatê Goju-ryu ) é o mestre Goshi Yamaguchi – 3º filho do falecido grão-mestre Gogen Yamaguchi.
No Brasil é representado pelo Renshi Shihan Luiz A. de Araújo Kotsubo, dando continuidade ao trabalho realizado pelo Mestre Ryuzo Watanabe, que foi o primeiro representante da I.K.G.A. na América do Sul.

 

O ESTILO GOJU-RYU NO BRASIL

O estilo Goju - Ryu introduzido no Brasil no ano de 1958 pelo mestre Sellchi Yoshitaka Akamine, fundado na cidade de São Paulo a Associação Brasileira de Karatê (ABK) formando diversos alunos que espalharam pelo Brasil e América do Sul.


Mestre Akamine

 

 

Dojo Kun Tradicional do Estilo Goju-Ryu

 Hitotsu. Ser modesto e delicado.

 Hitotsu. Treinar para melhorar a condição física.

 Hitotsu. Procurar seriamente.

 Hitotsu. Ser calmo e rápido.

 Hitotsu. Cuidar da saúde.

 Hitotsu. Viver uma vida plena.

 Hitotsu. Não ser demasiado humilde, nem orgulhoso.

 Hitotsu. Treinar com paciência